A Rede Globo acaba de encerrar uma novela, chamada “A Vida da Gente”. Não acompanho religiosamente novelas, mas esta me chamou atenção. Tinha enredo leve, sem explorar pornografia e acabava me prendendo quando tinha tempo disponível no início da noite. Trazia histórias do dia a dia, mas também não deixava de lado o drama comum a estas produções televisivas.
No fundo, eu tinha esperança de que a história não teria um final previsível. Mas, teve. Atores foram convidados para que, no último capítulo, a maioria dos personagens tivesse um par. Este é um encerramento comum a todas as produções brasileiras, mas não vejo sentido nele. Ainda mais em uma novela que trazia até no nome o ‘compromisso’ de contar histórias do cotidiano das pessoas. E esta preocupação com o casamento que a sociedade desenvolveu, a meu ver, é uma grande pressão desnecessária.
Não. Não estou dizendo que sou contra o matrimônio, pelo contrário, sou muito feliz por ter escolhido este caminho para a minha vida. Porém, defendo que ele deve acontecer quando duas pessoas resolvem por si que vão construir uma família. Quando dois realmente são mais que um, somando e crescendo juntos. Não por simples imposição da sociedade.
Além disso, as novelas – e muitas pessoas que conheço – defendem que só há felicidade a dois. Sim, não nascemos para viver sozinhos, mas há momentos na vida que uma amizade ou a companhia da família nos suprem. Então pra quê esta necessidade de seguir uma busca incessante até encontrar ‘a tampa da panela’? Assim como nas novelas, muitos crescem pensando e planejando o casamento, mas acredito que para isso não deve haver uma regra. Conheço casais que se conheceram aos 40 e são felizes. Outros que cresceram juntos e ainda vivem o primeiro amor. Casamento é consequência, não regra. Na vida ‘real’ não – deveria – há(ver) esta necessidade. A felicidade não pode estar atrelada a um relacionamento. Mesmo em um casamento, defendo a individualidade e a possibilidade de ser feliz sozinho.